Mais do que um Quarteirão Cultural

Existe um famoso provérbio africano que nos diz que “é preciso uma aldeia inteira para educar uma criança”.

No mundo em que vivemos, os desafios emergentes, que se renovam com uma velocidade cada vez mais impressionante, levantam problemas e necessidades particularmente relevantes na área da educação. Talvez, mais do que em qualquer outro momento da História, faça sentido refletir sobre o papel que cada uma das entidades no setor educativo e cultural deve assumir, numa lógica cada vez mais próxima e dialogante.

Neste seguimento, e em outro eixo de ação, o WOW Porto, sendo um grande quarteirão cultural, não quer, por isso ou, talvez, por causa disso mesmo, circunscrever-se aos seus limites.

São as pessoas que nos visitam, as relações que semeamos, as ligações que estabelecemos com as diferentes instituições e comunidades que constituirão, em grande medida, aquilo que somos e seremos, a nossa identidade. Sendo este um dos pilares no qual o Serviço Educativo se sustenta, foi desde o primeiro dia que se definiu como nosso propósito a procura por sair dos nossos espaços para ir ao encontro de quem habitualmente nos procura, para levarmos um pouco do que somos e do que fazemos às salas de aula (e não só), em momentos de verdadeira coaprendizagem.

É neste âmbito que se inserem os nossos programas O WOW nas Escolas e Projetos com Fator WOW, sendo que, no que se refere às nossas idas às Escolas/Instituições, estas podem ser concebidas em múltiplas vertentes, mediante o que faça mais sentido para quem nos recebe (sessões para professores/educadores, dinamização de aulas diferentes para os alunos, fóruns abertos à comunidade escolar). De igual modo, é em comunhão com este objetivo que a rubrica que aqui introduzimos neste blog procurará ser uma forma de apresentar conteúdos em formatos distintos, que criem pontes entre os temas inseridos nas Aprendizagens Essenciais e as temáticas que abordamos em cada um dos nossos Museus.

Há que salientar que o Serviço Educativo é, acima de tudo, isso mesmo: um serviço. Não um conjunto de propostas fechadas em si mesmas, dentro de uma narrativa rígida e comum, mas uma plataforma privilegiada para ouvir e procurar dar resposta às necessidades, às vontades, aos desafios, aos projetos que todos aqueles a quem dedicamos o nosso trabalho nos queiram endereçar.

E aqui voltamos ao ponto a partir do qual começamos: cada uma das entidades, especialmente as que se inserem na esfera cultural, deve assumir o seu lugar como agente de Educação. De forma mais ou menos direta, podemos contribuir para uma promoção ativa de conhecimento, para um despertar da sede e do prazer em aprender durante todo o percurso de uma vida. Havendo um esforço concertado de todas as partes intervenientes neste processo, num espírito de diálogo, de partilha, de troca de conhecimentos, não temos dúvidas de que os resultados poderão ser ainda mais expressivos. Corroborando o que a sabedoria popular africana apregoa, de que muitos são chamados – bem mais do aqueles que “cabem” num Quarteirão – para o exercício de uma Educação plena e efetiva.

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